Considerada uma das maiores fraudes contábeis já vistas na história recente do Brasil, a crise vivida por Americanos (AMER3) ajudou a espalhar a desconfiança entre os investidores no Mercado de capitais brasileiro desde o início do ano passado.
“Isso teve um impacto enorme no mercado e fechou o financiamento [das empresas na bolsa] por muitos meses”, disse ele. Pablo Cesáriopresidente executivo da Abrasca (Associação Brasileira das Empresas Públicas).
“Há três anos que não fazemos IPO e temos visto vários fechamentos de capital, muitas empresas abrindo capital no exterior e uma taxa de juros futura assustadora, além de níveis de alavancagem muito preocupantes”, acrescentou.
O executivo participou de evento de relações com investidores realizado em São Paulo na manhã desta segunda-feira (24).
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Há uma reabertura pela frente?
Dada a elevada aversão ao risco entre os investidores e avaliações estressante para as empresas, o bolsa de estudos brasileira continuou procurando por novos sinais para novos ofertas de ações – mas ele continuou a ver navios naquela direção.
Porém, segundo o presidente da Abrasca, embora a desaceleração no ritmo de captação no mercado brasileiro seja uma “má notícia” para o setor, nem tudo está perdido.
“A situação está mudando e parece que a janela vai reabrir novamente. As empresas estão voltando ao financiamento, apesar da preocupação”, afirmou.
Mesmo com a janela fechada para abertura de capital na B3, Cesário destacou o ritmo acelerado de emissões de dívida no mercado interno.
O desempenho dos ativos de crédito privado corporativo em 2024 também foi destaque no evento em palestras do presidente da B3 (B3SA3), Gilson Finkelsztain.
Desconfiança pós-americana
Na visão de Pablo Cesário, mesmo que a situação na Americanas esteja em vias de se resolver, ainda há um elefante no espaço do mercado financeiro que precisa ser resolvido: o problema estrutural que as fraudes têm destacado no mercado brasileiro.
“Há uma investigação em andamento e confiamos nos reguladores, mas temos um grande desafio a evitar”, disse o presidente da Abrasca.
Segundo o executivo, além da desconfiança dos investidores após o prejuízo da varejista, as empresas brasileiras hoje vivem uma insegurança ligada à tributação.
“Infelizmente, enfrentamos uma política fiscal e económica que trata as grandes empresas como principal alvo de receitas, e isso traz um risco. É penalizar as empresas que mais investem, as mais produtivas e as maiores empresas do Brasil”, avaliou.
Para Cesário, além de desestimular as empresas, a atual política tributária “tem um efeito coletivo”: reduz a capacidade da economia brasileira de gerar empregos e novos investimentos.
“Estamos num momento difícil”, disse o presidente da instituição.
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