O conselho de administração da Rossi (RSID3) está em guerra – e a batalha será travada em Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM).
É o que indicam fatos relevantes divulgados pela empresa, que faz parte de um dos principais grupos de engenharia, construção e incorporação do Brasil, entre ontem e a manhã desta quinta-feira (11).
De acordo com o primeiro comunicado, enviado ao mercado ontem à noite, João Rossi Cuppoloniquem é o presidente da CA, e Renata Rossi Cuppoloniconselheiro efetivo, requereu a instauração de processo arbitral contra os outros três membros do colegiado.
Os Rossi afirmam que Marcelo Torresi, Nicolas Paiva e Fábio Garcia recentemente “passaram a agir descumprindo seus deveres fiduciários para favorecer determinado acionista”: o empresário Silvio Tini de Araújo.
Araujo é fundador do Grupo Bonsucex — que investe em empresas como Alpargatas, Gerdau e Terra Santa — e, junto com outros três acionistas, chegou a ter 25% de participação na empresa.
Vale ressaltar que, de acordo com o estatuto social da empresa, qualquer investidor que atingir participação igual ou superior a 25% do capital da Rossi deverá ser obrigado a fazer oferta pública de aquisição de ações (OPA) dos demais acionistas. A cláusula é conhecida como pílula de venenoou pílula venenosa, em tradução literal.
As ações da Rossi reagem caindo no procedimento arbitral e no possível acionamento da pílula venenosa. Por volta das 14h10, as ações eram negociadas com queda de 1,58%, a R$ 4,97.
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CAM aceita reclamação de Rossi e empresa analisa gravações e transcrições entre conselheiros e administração
Voltando ao pedido de arbitragem, João e Renata Rossi afirmam que três diretores apresentaram ata de reunião do CA com declarações supostamente falsas e foram por eles confrontados.
Após o confronto, teriam convocado uma nova reunião do conselho para hoje com o objetivo de destituir o presidente do cargo.
A Rossi solicitou então a suspensão da reunião do colegiado e uma medida cautelar para suspender os efeitos de eventual deliberação realizada hoje.
O pedido de suspensão dos efeitos das deliberações foi acatado pela Câmara de Arbitragem, que determinou que as partes informem o resultado da reunião de hoje até o final da próxima sexta-feira (12).
A data também foi escolhida como prazo para os administradores acusados de violação dos deveres fiduciários apresentarem resposta à reclamação ao CAM.
Rossi informou aos acionistas que a reunião extraordinária do conselho realizada ontem aprovou, entre outros assuntos, a apresentação de transcrições e gravações recebidas por João Rossi relativas a conversas mantidas entre a administração da empresa e Paiva, Torresi e Garcia.
Segundo o facto relevante, nas conversas, o trio admitiu a dependência e a existência de “pressões externas” direcionando esses votos.
Rossi pede ao presidente do conselho que apresente provas que demonstrem a existência de um acionista que, direta ou indiretamente, detém mais de 25% das ações da empresa e não comunicou o fato ao mercado nem cumpriu “as correspondentes obrigações estatutárias”. .
Rossi quer convocar assembleia de acionistas
A empresa solicita ainda a convocação de uma assembleia geral de acionistas para decidir sobre a obrigação de cinco investidores que teriam acionado a pílula venenosa de realizarem uma oferta pública de aquisição da empresa.
São eles: Silvio Tini de Araujo, Bonsucex Holding SA, Lagro do Brasil Participações, EWZ Investments LLC e EWZ Equity Investment Fund.
A ordem do dia da AGE deverá ainda incluir a destituição dos administradores Paiva, Torresi e Garcia por terem “violado os seus deveres fiduciários” ao não revelarem a “natureza e extensão da sua relação” com os acionistas acima mencionados.
Além da omissão, a demissão seria justificada pelo fato de o trio ter tomado medidas e iniciativas “exclusivamente no interesse de um acionista e visando prejudicar a empresa”.
Procurados, Rossi, Silvio Tini de Araujo, Bonsucex, Lagro do Brasil, Marcelo Torresi e Fábio Garcia não retornaram até a publicação do texto.
Seu Dinheiro não conseguiu contato com Nicolas Paiva, EWZ Investments LCC e EWZ FIA, mas a matéria será atualizada caso algum dos citados envie posicionamento oficial ao portal.
Vale lembrar que a construtora foi uma das primeiras do setor a negociar ações na bolsa brasileira. Nos últimos anos, porém, enfrentou uma crise financeira que levou à recuperação judicial em 2022 com dívidas de mais de R$ 1 bilhão.
O plano do RJ foi aprovado em novembro do ano passado e prevê que a empresa pague grande parte de suas dívidas apenas quatro décadas após a aprovação do documento.
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