A Turquia hoje tem um dos maiores taxa de juros nominal (50%) e inflação (cerca de 70%) do mundo. E como você pode ver, o política monetária do país não é restritiva, dado que a sua interesse real (a diferença entre os dois indicadores), são negativos.
No Brasil, o Selic está em 10,50%, ainda um patamar restritivo, mas a inflação dá sinais de estar sob controle. O que preocupa os mercados aqui é a risco fiscalcom a necessidade de o governo cortar despesas, o que reluta em fazer, ao mesmo tempo que apela a uma taxa de juro mais baixa num cenário de crescimento económico.
Nesse cenário, haveria chance de o Brasil acabar “se tornando” uma Turquia, ou seja, com uma política monetária frouxa e ao mesmo tempo presenciar um aumento da inflação?
O gerente TAG Investimentos publicou, nesta quinta-feira (18), um relatório analisando a possibilidade de esse futuro sombrio ser o destino do Brasil. O relatório assinado por CIO da casa, André Leiteparte de uma declaração feita recentemente por “um gestor de fundos multimercados” de que o Brasil estava “no caminho de se tornar uma Turquia”.
Leite supostamente se refere a uma entrevista concedida recentemente por Márcio Appelsócio e gestor de Adão Capitalem que disse que o Brasil “caminha na direção da Turquia”, no sentido de que aqui, como no país europeu, a inflação tende a acelerar (e aumentará com o tempo), e os juros subirão com atraso.
Na época, Appel estava pessimista quanto ao politica fiscal de Governo Lulapois acredita que o ajuste que deveria ser feito não virá.
O Brasil se tornará Turquia?
Logo no início da reportagem, Leite diz que a afirmação “não resiste a um exame minimamente atento”.
Em primeiro lugar porque, ao contrário da Turquia, o Brasil não tem problemas em contas externasnão correr o risco de desvalorização cambial da mesma magnitude que lira turcajá que temos mais de 300 mil milhões de dólares em reservas e as nossas contas externas estão equilibradas.
“Em segundo lugar, temos um sistema político onde o estabelecimento funciona como uma mola: não nos deixa avançar muito nas reformas, mas quando as coisas azedam, também não nos deixa saltar no abismo”, afirma o CIO da TAG no relatório.
Ele cita o exemplo recente de quando o presidente Lula autorizou cortes de gastos e sinalizou compromisso com o quadro fiscal como consequência de um “enquadramento” do “estabelecimento político e econômico”.
“Mesmo num cenário em que Lula esticasse as cordas, as consequências em termos de desemprego, inflação e insatisfação popular fariam com que o seu governo durasse pouco, não ultrapassando 2026. Ou possivelmente até antes, como no caso de Dilma. Já tivemos essa experiência”, diz Leite.
O CIO da TAG também destaca o papel que as contas externas ruins desempenham na dinâmica econômica, como as da Turquia e Argentina. “Ter contas externas equilibradas (ou seja, não faltar dólares), mesmo num cenário fiscal ruim, dá tempo e tranquilidade para corrigir os rumos fiscais sem crises cambiais rápidas e devastadoras”, afirma.
Onde investir se o Brasil virasse Turquia (ou Argentina)?
Mesmo considerando improvável o cenário da Turquia, a TAG admite que esse tipo de memória incomoda e “nos faz repensar a situação imbatível dos investimentos pós-fixados em CDI”. Afinal, num ambiente de juros reais negativos, os investimentos atrelados à taxa básica de juros não preservam seu poder de compra, pois perdem com a inflação.
Nesse sentido, qual seria o investimentos que funcionariam como portos seguros num cenário de inflação descontrolada e taxas de juros nominais elevadas, mas inferiores aos índices de preços? O gerente lista três:
- Dólaro que seria muito valorizado num cenário como este;
- Títulos públicos indexados à inflação (Tesouro IPCA+), que garantem juros reais positivos, ou seja, um ganho já conhecido e fixado acima da inflação no vencimento;
- Ativos reaiscomo propriedades Isso é ações, que nestas escaladas inflacionárias preservam o seu poder de compra. A TAG lembra ainda que o MervalPrincipal índice de ações da Argentina, acompanhou a inflação do país durante todos esses anos.
Caso aconteça algo como o que aconteceu na Argentina, com o índice oficial de preços sendo manipulado pelo governo, então o dólar seria realmente a melhor opção, enquanto os títulos do Tesouro IPCA+ não conseguiriam proteger contra a inflação. Os activos reais também poderiam continuar a proteger o poder de compra.
Lembrando que se a inflação subir muito, a partir de certo ponto a tributação dos títulos públicos indexados ao IPCA Isso significa que o retorno no papel também não consegue vencer a inflação, como mostramos neste outro artigo. Para situações como essa, seriam mais adequados investimentos atrelados à inflação, mas isentos de imposto de renda.
A regra prática se aplica: agora é um bom momento para comprar títulos indexados à inflação
E quando colocar Tesouro IPCA+ na sua carteira? No mesmo relatório, a TAG realiza um estudo que confirma que a regra do mercado financeiro – comprar quando a taxa de juro real é de 6% ou mais e vender quando é de 4% ou menos – é suportada pela realidade.
Os títulos indexados à inflação pagam uma taxa fixa mais a variação de um índice de preços. E quanto maior a taxa fixa, menor o preço do título e vice-versa. Portanto, quando as taxas são mais altas, os títulos são mais baratos, fazendo mais sentido comprá-los do que quando as taxas estão baixas e os preços altos – uma altura em que seria mais apropriado vender e obter lucro antes do vencimento.
“Como qualquer investimento, quanto mais barato você paga, maior será a margem de segurança e maiores serão as chances de sucesso”, diz o relatório da TAG.
Leite lembra que IMA-B – índice de mercado que acompanha o desempenho dos preços de uma cesta de títulos públicos indexados à inflação – e suas variantes têm desempenho histórico acima do CDI, o IHFA (índice multimercado) e bem acima do Ibovespa.
Segundo o CIO da TAG, um dos motivos (ocultos) para o bom desempenho do IMA-B em relação às demais classes de ativos é que o mercado subestima a inflação um ano à frente, em média 0,9% ao ano.
Assim, se à primeira vista investir no Tesouro IPCA+ não parece interessante, as surpresas inflacionárias acabam fazendo com que o desempenho dos títulos também surpreenda positivamente.
O estudo do TAG mostra as probabilidades de sucesso de acordo com o nível de taxas investidas em títulos indexados à inflação. Assim, foram analisadas as taxas médias praticadas pelos vértices disponíveis desses títulos em janelas móveis de 1 a 5 anos desde 2006. Com isso, foram medidos os percentuais dessas janelas que superam o CDI por preço de compra.
Em seguida, a TAG analisou o percentual de tempo em que o investimento no Tesouro IPCA+ ficou acima do CDI.
A conclusão foi que títulos indexados à inflação que possuem taxa fixa de 6% ao ano ou mais tendem a superar o CDI, seja medindo o percentual de janelas de tempo ou o percentual de tempo em que permanecem acima da taxa básica de juros. E tudo isso com correção pela inflação, que o CDI não tem.
Além disso, a probabilidade de superar o CDI aumenta quanto maior o período de alocação – na verdade, títulos indexados à inflação são normalmente recomendados para objetivos de longo prazo.
Nesse sentido, no momento atual, os títulos do Tesouro IPCA+ parecem bastante atrativos. Todos os vencimentos disponíveis em Tesouro Direto hoje pagam acima de 6% ao ano mais IPCA.
O investidor só precisa ter estômago para aguentar as oscilações de preços, pois as altas taxas de juros futuros tendem a desvalorizar esses títulos, fazendo com que vejam um desempenho negativo em sua carteira.
“Historicamente, as compras feitas nesses pontos (como agora) são o plantio de períodos futuros de bom desempenho, naturalmente desde que o investidor tenha coragem de aguentar a volatilidade e a marcação a mercado que esses momentos trazem. Via de regra, bons pontos de compra são períodos turbulentos e voláteis”, afirma o CIO da TAG.
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