O sonho da empresa chinesa Shein de fazer uma oferta pública (IPO) nos Estados Unidos está cada vez mais distante.
As empresas chinesas que conquistaram o mercado americano foram impactadas pelas crescentes tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China. No caso da Shein, este cenário tornou cada vez mais difícil para o retalhista chinês abrir capital em solo americano.
Em novembro do ano passado, a Shein, avaliada em US$ 66 bilhões em valor de mercado, apresentou um pedido confidencial à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC. O objetivo era obter autorização para listagem na Bolsa de Valores de Nova York.
No entanto, a oposição dos parlamentares do governo dos EUA apelou ao xerife do mercado de capitais dos EUA para analisar ou mesmo bloquear a oferta pública.
Varejista de blusas desafia o fast fashion americano
Embora tenha sido fundado em 2012, o mercado chinês tornou-se popular em todo o mundo durante a pandemia de Covid-19, especialmente nos Estados Unidos.
A proposta de vender roupas e acessórios a preços bem abaixo do mercado desafiou empresas já conhecidas nos EUA, como Gap, Macy’s, Target, Amazon e até Walmart.
Por conta disso, Shein teve diversos pedidos rejeitados para fazer parte da National Retail Federation, maior associação do setor varejista dos EUA.
Vale lembrar que o governo americano vem promovendo um cerco às empresas chinesas. Embora tenha sido fundada na China e agora esteja sediada em Singapura, os laços de Shein com a China são motivo de preocupação para os funcionários do governo dos EUA.
Em Dezembro, o Comité de Energia e Comércio da Câmara dos EUA enviou uma carta ao retalhista chinês solicitando informações sobre a recolha de dados de utilizadores dos EUA pela empresa e a sua relação com Pequim. Para a comissão, esta possível ligação representaria “um sério risco para o comércio eletrónico, a segurança dos consumidores e a saúde das pessoas”.
Isto porque o Partido Comunista Chinês pode, por lei, solicitar a qualquer empresa chinesa que partilhe informações sobre os seus clientes.
Além disso, a varejista é alvo de críticas por supostos trabalhos forçados em sua cadeia produtiva e pelas más condições de trabalho de seus funcionários.
Em 2021, os Estados Unidos aprovaram uma lei que proíbe empresas que fabricam produtos em Xinjang, na China, de venderem seus produtos no país. A região é conhecida pelos campos de detenção que impõem trabalho forçado às minorias étnicas e acredita-se que tenham ligações com Shein.
A empresa, no entanto, negou as acusações, dizendo que implementa um sistema para apoiar o cumprimento da lei dos EUA dentro da empresa.
Londres: o plano B de Shein
Em meio ao caos no mercado americano, Shein criou um “plano B” para abrir o capital. A empresa de fast fashion também planeja abrir um IPO em Londres.
O pedido seria feito antes de uma potencial mudança de governo no Reino Unido, já que as eleições legislativas acontecem no dia 4 de julho. No entanto, a empresa não o confirmou.
Shein também precisaria da aprovação da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China, que estabelece regras para listagens de empresas nacionais fora do mercado chinês.
Em entrevista à CNBC, Angelo Bochanis, analista de IPO da Renaissance Capital, afirma que a ideia de Shein ainda é ser listada nos EUA, pois a oferta poderia trazer uma valorização maior do que no Reino Unido.
Ao operar em solo britânico, a empresa de moda seria avaliada em 50 bilhões de libras. Se o IPO da Shein em Londres for bem-sucedido, é improvável que continue a buscar uma oferta nos EUA.
*Com informações da CNBC
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