Piora da bolsa e alta do dólar: culpa de Lula? Campos Neto rebate as recentes declarações do petista que abalam o mercado

A relação entre o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não é das melhores desde antes de o petista ocupar o Palácio do Planalto —na campanha presidencial, ele já condenou taxas de juros consideradas altas e criticou o trabalho da autoridade monetária. Os dois ainda tiveram um período de trégua, que não durou muito.

Embora Campos Neto tenha evitado entrar em polêmica nesta quinta-feira (27) sobre as declarações de Lula tanto sobre sua atuação à frente da autoridade monetária quanto sobre o politica fiscalele não deixou isso passar despercebido.

Ao responder se os ataques de Lula dificultam o trabalho do BC, Campos Neto lembrou que, como mostra o comportamento do mercado em tempo real, houve piora dos preços dos ativos é de variáveis ​​econômicas durante os discursos do presidente.

Ele considerou que o aumento prêmio de riscocom volatilidadeafeta o canal de expectativas e, consequentemente, o poder da política monetáriadificultando o trabalho do BC ao longo do tempo.

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O balanço de riscos do BC

Campos Neto, da mesma forma, procurou não comentar os discursos em que Lula descarta a ideia de desvincular o ajustes nos benefícios previdenciários do salário mínimo.

Segundo o presidente do BC, não faz sentido comentar medidas específicas relacionadas às contas públicas, acrescentando que o que importa são os desdobramentos da política fiscal na função de reação do Banco Central.

Apesar da avaliação que ruídos fiscais contribuem para elevar o prêmio de risco, Campos Neto explicou por que as incertezas fiscais não retornam ao equilíbrio de risco do Comitê de Política Monetária (Copom).

Contrariamente às expectativas, os números das contas públicas de curto prazo têm sido positivos, lembrou, pelo que não faz sentido dar demasiado peso ao fiscal no balanço.

“Entendemos que estamos enfrentando ruídos de curto prazo e precisamos conversar mais sobre variáveis ​​estruturais”, afirmou.

Campos Neto afirmou ainda que a estratégia do BC de não antecipar os próximos passos do Copom, com o fim do orientação futuranão significa que a autoridade monetária não esteja vigilante.

Neste ponto, ele reafirmou que a desancoragem das expectativas inflacionárias preocupa muito o BC.

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O recado de Lula para quem aposta na alta do dólar

Em entrevista ao UOL nesta quarta-feira (26), Lula afirmou que quem aposta no fortalecimento do dólar frente ao real “ele vai perder dinheiro” e disse que não tem culpa da valorização da moeda, que atingiu ontem o nível mais alto desde janeiro de 2022 e hoje continua a subir.

A declaração ocorreu durante o “Conselhão”, evento governamental com representantes de diversos setores da sociedade civil, em Brasília, nesta quinta-feira (27).

Em discurso, Lula disse que “é preciso relaxar a ganância pelo acúmulo de riquezas de alguns e dividir alguns” e criticou a notícia sobre a alta do dólar na quarta-feira, 26.

Na época, Lula chamou de “cretinos” aqueles que teriam atribuído a alta do dólar à entrevista ao site.

Lula continuou: “Ou seja, é muito ruim esse mundo perverso de gente colocando o que quer sem se responsabilizar pelo que vai acontecer”.

O presidente também afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “Ele sofre injustiça”, pois, segundo ele, “o povo que vem, só vem pedir, não vem oferecer”. A certa altura, Lula dirigiu-se a Haddad e declarou que os apostadores em derivativos perderão dinheiro.

Durante o evento, Haddad defendeu a política econômica do governo e projetou inflação média abaixo de 4% até o final do mandato.

“É absolutamente possível”, declarou o ministro. Disse ainda que considera o crescimento médio “em torno de 3%”.

Entre as medidas necessárias, segundo ele, estão a aceleração das reformas econômicas no Congresso e a “busca pelo equilíbrio fiscal”.

*Com informações do Estadão Conteúdo