Eleições nos EUA não devem afetar relações com o Brasil, diz Haddad; ministro busca parceiros ‘além da China’ e fala em acordos com União Europeia

O Ministro das Finanças, Fernando Haddadevitou comentar os efeitos de uma possível eleição de Donald Trump sobre as relações bilaterais entre o Brasil e os Estados Unidos. Afirmou, no entanto, que não consegue ver como uma alternância de poder nos EUA poderia colocar esta parceria em risco.

“É difícil você opinar sobre eleições em outro país. O que queremos é que esse intercâmbio não seja visto como um intercâmbio entre governos, mas entre estados que têm uma relação muito antiga e que pode ser fortalecida, com benefícios mútuos” , ele disse .

“Não é o Brasil pedindo favor ou vice-versa, nada disso. São benefícios mútuos. Não vejo por que uma alternância poderia colocar em risco esse tipo de parceria que está sendo discutida com a secretária (do Tesouro dos EUA), Janet Yellen”, continuou ele.

Haddad e Yellen se reuniram na manhã desta quarta-feira (24) para discutir abordagens entre os dois países no setor energético com foco na transição.

Aos jornalistas, ao final de evento sobre financiamento global para combate às mudanças climáticas, Haddad citou o potencial do continente americano em minerais críticos e terras raras, que, segundo ele, devem servir a um maior intercâmbio de comércio, investimentos e serviços entre dois países. países.

O ministro destacou que o continente americano é muito rico em minerais críticos.

“Temos todas as condições para promover uma transformação ecológica mais acelerada em relação a outras regiões do mundo. E isso deve ser aproveitado para beneficiar maiores intercâmbios comerciais, investimentos e serviços entre os nossos países”, considerou.

Estados Unidos e China: importantes parceiros comerciais, diz Haddad

Além das conversas com os EUA, o ministro falou também da importância da China, um dos principais parceiros comerciais do país.

Haddad enfatizou que o Brasil manterá relações fortes com a China, mas que busca a aproximação com a União Europeia (por meio do acordo comercial com o Mercosul) — e também com os Estados Unidos.

Da mesma forma, o ministro disse que ele e Yellen deveriam fazer um anúncio sobre uma aproximação entre os dois países em relação à transformação ecológica e à transição energética.

“Temos insistido com os Estados Unidos que a cooperação técnica entre os países que lideram a produção de energia limpa no mundo, e podem trocar tecnologia para acelerar a transição energética, seria muito benéfica para a região”, afirmou.

Foco na sustentabilidade

Haddad destacou que não há transformação ecológica sem novos instrumentos financeiros.

“Começando de títulos verdes, por exemplo, que já lançamos. Aliás, o Brasil até ganhou um prêmio internacional pela qualidade das emissões que vem fazendo”, enfatizou. “Você tem um mercado de carbono que está prestes a se estabelecer em escala global”, mencionou.

Ele disse, porém, que as conversas com o governo americano não abordam apenas questões financeiras.

“Estamos tratando também de questões comerciais, tecnológicas e até geopolíticas. Porque da mesma forma que o presidente Lula disse que a China é e continua sendo um grande parceiro comercial do Brasil, temos a intenção de nos aproximar da Europa, principalmente em relação ao acordo União Europeia e Mercosul E também estabelecemos neste momento uma relação mais estreita com os Estados Unidos”, detalhou.

“Não estamos jogando apenas em um caminho. Buscamos parcerias que consolidem as vantagens competitivas que o Brasil tem na área”.

Por fim, Haddad informou que a cooperação internacional em matéria de tributação, que está em discussão na via financeira do G20, não foi tema da reunião com Yellen.

“Isso está sendo tratado dentro das equipes técnicas. Na minha opinião, está avançando bem. Tenho algum otimismo em relação a uma declaração conjunta dos 20 países”, afirmou.

*Com informações do Estadão Conteúdo