Ó Plano real completa 30 anos em 2024, mas quase nunca saiu do papel.
Pior: esteve muito perto de que a proposta que finalmente estabilizou a moeda e colocou os preços sob controle após anos de hiperinflação não entrasse na lista de planos econômicos malfadados que bagunçaram a vida financeira dos brasileiros entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990.
Aconteceu em 27 de fevereiro de 1994, um dia antes da publicação do Medida Provisória 434 aquele ano.
Estabeleceu, entre outras coisas, a unidade real de valor (URV), moeda virtual que ancorou a transição do Cruzeiro Real para o Real como o conhecemos hoje.
Cada URV equivalia a um dólar, seguindo preço definido pelo Banco Central, ainda em reais.
“Era o coração do Plano Real”, disse o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco durante o MKBR24realizada na última quinta-feira (6) em São Paulo pela Anbima e B3.
Era um domingo e o presidente Itamar Franco convocou uma reunião com alguns ministros com o objectivo de definir o lançamento de um novo plano económico.
O então Ministro da Fazenda de Itamar, Fernando Henrique Cardosolevou consigo dois assessores: o próprio Gustavo Franco e Murilo Portugalque mais tarde seria nomeado secretário do Tesouro Nacional — “o melhor que o Brasil já teve”, disse o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan durante o painel.
Foi uma reunião longa. Começou por volta das 10h e só terminou à noite, quando Itamar Franco assinou.
A MP 434/1994 estabeleceu as bases do Plano Real.
Bastante extenso para um deputado, o texto continha dezenas de parágrafos e artigos que forneciam um roteiro detalhado para a implementação da medida.
Mas esteve muito perto de o Plano Real não sair do papel – pelo menos da forma como o conhecemos.
“Às vésperas de sair o Plano Real, quase tivemos que criar novamente um Plano Cruzado”, disse Gustavo Franco.
Isso porque algumas propostas consideradas inaceitáveis pela equipe econômica ainda estavam em pauta naquele domingo e contavam com o apoio de alguns ministros do Itamar.
Eles eram:
- a conversão dos salários até o pico;
- o salário mínimo de US$ 100; Isso é
- o congelamento de preços.
A conversão de pico referia-se à fórmula pela qual os salários dos trabalhadores seriam ajustados após a implementação da URV.
O salário mínimo de US$ 100 foi uma proposta de outras alas do governo que concorreram com a da equipe econômica do Plano Real.
Caso o valor fosse adotado na época, o salário mínimo sofreria um reajuste imediato de 54,34%. É um número atraente à primeira vista, mas é um veneno contra o mal que se pretendia combater em meio a um cenário de baixo crescimento económico.
Por sua vez, o congelamento de preços lembrou o período de escassez do Plano Cruzado, quando muitos produtos simplesmente desapareceram das prateleiras.
Na opinião daquela equipa económica, estes três elementos poderiam tê-lo transformado em mais um plano económico frustrado.
“Se tivermos que fazer assim, não faremos”, disse FHC segundo relato de Gustavo Franco.
Em outro momento, FHC teria dito: “Você consegue, mas comigo não”.
Como ficou o Plano Real
Ao final, a ideia de congelamento de preços foi descartada e os salários foram convertidos em URVs pela média aritmética dos quatro meses anteriores ao lançamento do plano.
A mesma média se aplica ao salário mínimo, então fixado em US$ 64,97.
Para Gustavo Franco, o Plano Real não foi por água abaixo apenas por uma combinação de integridade técnica e liderança política.
A URV vigorou do final de fevereiro até 30 de junho de 1994. No dia seguinte, o real entrou em vigor.
No primeiro ano de vigência da nova moeda, a inflação em 12 meses caiu de 4.005,08% em julho de 1994 para 27,45% em julho de 1995.
Hoje, o salário mínimo no Brasil ultrapassa facilmente os US$ 250 e a inflação precisaria disparar para chegar a 10% ao ano.
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