Em meio a um “nível muito baixo” de ações empresas nacionais, existe uma oportunidade para quem quer investir em bolsa de estudos brasileirana avaliação de Rodrigo Santoro Geraldeschefe de ações da Gestão de Ativos Bradesco.
Responsável pela carteira de renda variável da gestora, que atualmente administra mais de R$ 700 bilhões Nos ativos, Santoro vê fundamentos muito positivos nas empresas listadas em bolsa —com uma assimetria bastante atrativa após a desvalorização em 2024.
“Ainda temos um crescimento saudável no Brasil e empresas com baixa alavancagem e múltiplos de capital muito baixos avaliação em todos os setores, com impacto muito positivo”, afirmou o gestor, em entrevista exclusiva ao O teu dinheiro.
“Estamos falando de uma bolsa com rendimento de dividendos de 7% — e, ao contrário do passado, não está concentrado em poucas empresas. Temos diversas empresas com avaliações bastante atraente.”
Além disso, a gestora prevê um movimento técnico em direção à retomada do apetite por ativos de maior risco, como fundos de ações e multimercados, no médio prazo.
Mesmo com uma visão mais otimista para o mercado acionário brasileiro, a Bradesco Asset prefere atualmente alocar recursos em mais ações defensivascomo, por exemplo, no Serviços de utilidade pública Isso é imobiliária.
Onde a Bradesco Asset aposta dinheiro na bolsa brasileira?
Considerado uma boa opção para “se proteger” da volatilidade do Ibovespa, o setor de serviços públicos — que engloba serviços como energia elétrica e saneamento básico — é uma das principais apostas da Bradesco Asset na bolsa atualmente.
Para Santoro, há um “grande mar de oportunidades” para Sabesp (SBSP3) após a privatização — especialmente com a chegada de Equatorial (EQTL3) como acionista de referência da empresa.
“A Equatorial é uma das melhores alocadoras de capital da bolsa, então com a Sabesp private temos uma série de oportunidades de expansão de mercado, redução de custos e melhoria na estrutura de capital que a Equatorial pode executar na empresa”, afirmou.
Segundo o gestor, a Sabesp atualmente negocia com um desconto importante em sua base de ativos — e o novo acionista pode ajudar a empresa a gerar um valor bem acima do que negocia atualmente na bolsa brasileira.
“É uma oportunidade de investimento de longo prazo. Esses resultados não virão da noite para o dia”, destacou.
Vale ressaltar que a Bradesco Asset prefere a exposição à Sabesp (SBSP3) em comparação à Equatorial (EQTL3), pois projeta maior potencial de destravamento de valor nas ações da empresa de saneamento.
Outras ações do setor de utilidades B3
Outra ex-estatal do setor de utilidades também aparece na carteira de ações da Bradesco Asset: Eletrobrás (ELET3).
Para o gestor, a empresa “fez o trabalho de casa” após a privatização e está no meio de um processo de reorganização estrutural, que inclui a venda de ativos e cortes de despesas.
Além disso, o movimento de alta nos preços da energia deve impulsionar a Eletrobras daqui para frente, segundo Santoro.
“Como geradora de energia, a empresa depende da venda de energia futura — e a Eletrobras tem uma parcela que permanece não contratada nesse mercado. Considerando a deterioração da hidrologia, os preços devem subir e ajudar a empresa”, projetou o gestor.
Outro ponto sustenta o otimismo com as ações da ELET3: o esperado fim do impasse entre o governo federal e a empresa.
Na visão da Bradesco Asset, os termos finais da negociação com a União deverão ser “favoráveis para ambos os lados”, o que deverá reduzir a pressão sobre as ações na bolsa.
A carteira de ações da gestora também inclui Energisa (ENGI11) Segundo Santoro, a empresa tem uma taxa interna de retorno (TIR) atrativa de 12% real e um avaliação “bastante atraente”.
“A Energisa tem demonstrado historicamente uma boa alocação de capital em aquisições e crescimento e acreditamos que isso deve continuar nos próximos anos”, disse o gestor.
“Temos muita confiança na execução da empresa e estamos confiantes de que a empresa conseguirá continuar entregando esse retorno, tanto orgânica quanto inorgânica”, acrescentou.
Imobiliário em foco: duas apostas em construção e shoppings
Do lado do setor imobiliário, Rodrigo Santoro revela que ocupa dois cargos principais na carteira da gestora. O primeiro deles é o Cury (CURY3), ação que a Bradesco Asset possui em carteira desde o IPO em 2020.
Para Santoro, a empresa tem um histórico de retorno e execução muito positivo — além de combinar um mix de alto retorno com grandes dividendos aos acionistas. Nas contas da gestora, o retorno sobre o capital investido (ROIC) gira em torno de 46%.
O gestor também prevê importante potencial de crescimento para Cury daqui para frente, impulsionado pelo Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Já do lado ShoppingSantoro vê prêmio no segmento — e escolhe Todos (ALOS3) como a ação favorita para surfar no momento.
Segundo Santoro, a empresa possui uma avaliação atrativo, com consolidação de mercado e está em momento de reciclagem de portfólio que “traz importante geração de valor” para os acionistas.
“Num cenário de queda dos juros, é uma empresa que deveria se beneficiar muito”, afirmou.
Um quarteto de ações fora do Ibovespa para ficar no radar
Além do Ibovespa, o gestor avalia que existe hoje uma oportunidade ainda maior na bolsa brasileira: as ações da índice de pequena capitalização (PEQUENO), que possuem menor capitalização.
“O índice Small está muito descontado e traz uma avaliação e o crescimento dos lucros ainda mais atrativo que o próprio Ibovespa. Se tivermos que comprar uma ação e mantê-la até o final de 2025, acho que é nas small caps que teremos um retorno maior.”
Dentro da carteira Small Cap, Santoro escolhe quatro ações para manter no radar: SLC Agrícola (SLCE3), GPS (GPSS3), Alpercatas (ALPA3) Isso é Campo de atletismo (TFCO4).
Um setor para ficar de fora na B3
Atualmente, a Bradesco Asset prefere manter distância do mineração Isso é indústria siderúrgica na bolsa de valores brasileira. “O setor de mineração e siderurgia ainda nos traz um pouco mais de desconforto, então temos menos exposição”, disse Santoro.
Na visão do gestor, a dinâmica do segmento ainda é muito dependente da China, num cenário de desaceleração do setor de construção civil, que tem demanda significativa por aço e minério de ferro.
Além disso, Santoro avalia que há um excesso de oferta no mercado global, o que acaba afetando o espalhar entre o preço do aço e do minério – que é o principal impulsionador de valor para estas empresas.
Outro segmento que também poderá sofrer pressão no curto prazo é o varejo, na visão de Santoro, apesar de estar avaliações bastante atraente.
“No retalho ainda temos uma revisão em baixa dos lucros, pelo que continuamos muito seletivos em relação aos nomes em que investimos dentro deste setor. Acredito que ainda não passamos da pior fase e poderemos ver mais avaliações negativas, especialmente num ambiente onde as taxas de juros permanecem altas por mais tempo.”
Há riscos no radar
Apesar da perspectiva otimista para a renda variável, Santoro prevê picos de volatilidade no Ibovespa daqui para frente, influenciados por riscos de curto prazo, tanto locais quanto externos.
Deste lado, a insegurança em relação ao futuro sucessor de Roberto Campos Neto no Banco Central pesa sobre os ativos domésticos, enquanto o risco fiscal continua a ensombrar o mercado acionário.
No exterior, a gestora vê a eleição nos Estados Unidos como um dos principais pontos de pressão para os ativos de risco em 2024 —sem falar na expectativa de corte de juros por lá.
Na visão da Bradesco Asset, a dispersão dos riscos deverá influenciar na retomada do fluxo de investidores estrangeiros na bolsa brasileira.
“O mercado, principalmente o estrangeiro, ficou muito contaminado com essa série de ruídos que tivemos nos últimos três meses em relação ao governo, tanto do lado fiscal quanto de política monetária”, acrescentou o chefe de renda variável.
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