Uma notícia perturbou o geladeiras na bolsa brasileira esta semana: confirmação da detecção de foco da doença de Newcastle no Rio Grande do Sul.
De acordo com Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Newcastle é uma doença viral que afeta aves domésticas e silvestres e causa sinais respiratórios seguidos de manifestações nervosas.
Após o anúncio do governo, as ações de proteínas entraram em trajetória de queda na B3. A Marfrig (MRFG3) acumulou queda de 8,65% na semana, enquanto BRF (BRFS3) caiu 6,54% no período.
A reação de JBS foi mais tímido pela perspectiva de menores impactos para a empresa. Como resultado, os papéis JBSS3 teve desvalorização acumulada de 2,74% em cinco dias.
Na última sexta-feira (19), o Ministério da Agricultura decidiu voluntariamente suspender as exportações de carne de aves e seus produtos. A restrição preventiva varia de acordo com os mercados, mas afeta as vendas para 44 países.
“A certificação para exportação é um acordo bilateral entre países parceiros, e por esta razão o Mapa revisou preventivamente os Certificados Sanitários Internacionais (CSI) para atender às garantias e requisitos acordados. da certificação temporária é realizada pelo Brasil, a fim de garantir a transparência do serviço oficial brasileiro, perante os países importadores dos produtos”, afirmou o ministério.
Segundo o governo, para países como China, Argentina, Peru Isso é Méxicoa suspensão vale para todo o Brasil, por enquanto.
Neste caso, os produtos restritos são carne de aves, carne fresca de aves e seus derivados, ovos, carne para alimentação animal, matéria-prima de aves para fins optápicos, preparados de carne e hemoderivados não tratados.
As suspensões estão relacionadas à área ou região com impedimento de certificação, que varia desde bloqueio por pelo menos 21 dias para todo o território nacional até restrição a um raio de 50 km do foco onde a doença foi identificada.
Exportações do Rio Grande do Sul suspensas
Para outras 30 nações, apenas os embarques de produtos avícolas do Rio Grande do Sul estão suspensos.
São eles: África do Sul, Albânia, Arábia Saudita, Bolívia, Cazaquistão, Chile, Cuba, Egito, Filipinas, Geórgia, Hong Kong, Índia, Jordânia, Kosovo, Macedônia, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Polinésia Francesa, Reino Unido, República Dominicana , Sri Lanka, Tailândia, Taiwan, Ucrânia, União Europeia, União Económica Eurasiática, Uruguai, Vanuatu e Vietname.
Entre os produtos estão carnes de aves frescas, resfriadas ou congeladas; ovos e ovoprodutos; carne, produtos cárneos e miudezas de aves; farinha de aves, suínos e ruminantes; cabeças e pés; gorduras de aves; enchidos cozidos, curados e salgados; produtos cárneos processados e termoprocessados; e matérias-primas e produtos para alimentação animal.
É importante lembrar que o Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de carne de frango do Brasil, atrás apenas do Paraná e de Santa Catarina.
Nos primeiros 6 meses do ano, o Estado vendeu 354 mil toneladas ao exterior, gerando uma receita de US$ 630 milhões.
Essas exportações representaram 13,82% dos US$ 4,55 bilhões gerados pelo país e 14,1% dos 2,52 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil no mesmo período.
No primeiro semestre, os principais destinos da carne de frango gaúcha foram:
- Emirados Árabes Unidos (48 mil toneladas/US$ 94 milhões);
- Arábia Saudita (39 mil toneladas/US$ 77 milhões);
- China (32 mil toneladas/US$ 52 milhões); Isso é
- Japão (20 mil toneladas/US$ 43 milhões).
Greve regional
Além de interromper as exportações de produtos produzidos no Rio Grande do Sul, o governo também anunciou uma restrição regional.
Por sua vez, Canadá, Coreia do Sul, Israel, Japão, Marrocos, Maurícias, Namíbia, Paquistão, Tajiquistão, Timor Leste terão as exportações de carne de frango e produtos avícolas do Brasil suspensas num raio de 50 km do surto onde foi detectado. a doença.
Isso inclui carne de aves, farinha de aves, penas e peixes para uso em ração animal e produtos de carne não comestíveis cozidos, processados termicamente e derivados de aves.
Os certificados para estes destinos com data de produção até 8 de julho não se enquadram nas restrições e podem ser emitidos, informou o ministério.
Além disso, produtos submetidos a tratamento térmico, como produtos termoprocessados, cozidos e processados destinados à Argentina, África do Sul, Chile, União Europeia e Uruguai, não possuem limitações e normalmente podem ser certificados.
O Ministério informou que “as regras de suspensão são revistas diariamente, tendo em conta as negociações em curso com os países parceiros, que apresentam todas as ações que estão a ser realizadas para erradicar o surto”.
Como as greves impactam BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3)
A paralisação das exportações deverá impactar as empresas do setor de proteínas, principalmente após a inclusão da China na lista nacional de proibições, segundo o Itaú BBA.
Afinal, Pequim é o maior parceiro comercial do segmento brasileiro de carne de frango, respondendo por quase 18% dos volumes exportados pelo país em 2023, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
“Com o maior parceiro comercial do Brasil agora incluído na lista nacional de proibições, crescem as preocupações sobre a sustentabilidade do sólido impulso da indústria a partir do segundo semestre de 2024”, disse o Itaú BBA.
Segundo analistas, neste novo cenário, a BRF (BRFS3) e a JBS (JBSS3) precisarão explorar mercados alternativos de exportação, que provavelmente serão menos eficientes que a China.
Além disso, existe um risco maior de excesso de oferta no mercado nacional de proteínas devido ao volume significativo que terá de ser redirecionado.
Segundo o BTG Pactual, grandes empresas como BRF e Seara, da JBS, deverão ter mais facilidade para realocar os volumes de produção afetados.
A BRF possui 38 fábricas no Brasil, sendo 5 delas no Rio Grande do Sul. A Seara, da JBS, possui 30 fábricas no Brasil e analistas estimam que pelo menos 1/5 da capacidade esteja no Estado.
Na avaliação do banco, haverá algum impacto nos preços realizados. Mas para a JBS, a exposição a aves através de outras plataformas, como a PPC, com sede nos EUA, poderia ser “um alívio”.
“A duração das proibições anunciadas é uma consideração importante. Não temos definição de quanto tempo eles podem durar”, destacou o BTG.
*Com informações do Estadão Conteúdo e Agência Brasil.
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