Bolsa hoje: Ibovespa cai 3% em maio e dólar dispara para R$ 5,25; IRB (IRBR3) despenca 25% no mês

Voltamos do feriado nesta terça-feira, ainda digerindo os acontecimentos de ontem e atentos às novidades do dia.

Começamos com dados sobre a inflação na zona euro, que fornecem pistas sobre a direcção e velocidade das acções do Banco Central Europeu, que está prestes a iniciar um ciclo de flexibilização muito aguardado na próxima semana.

A inflação anual acelerou para 2,9% em Maio, após dois meses de 2,4%. Este aumento poderá influenciar as perspectivas de redução das taxas por parte do BCE.

No entanto, o principal acontecimento do dia acontece nos EUA, com a divulgação do índice de despesas de consumo pessoal (PCE) de abril, o indicador preferido da Reserva Federal para medir a inflação.

Um número abaixo do esperado poderia beneficiar o mercado, inclusive o brasileiro.

Os activos europeus começaram o dia predominantemente em queda, tal como os futuros americanos.

Na Ásia, a maioria das ações subiu ligeiramente na sexta-feira, com foco nos dados de inflação PCE dos EUA.

Os mercados chineses avançaram apesar dos dados fracos da actividade empresarial, o que aumentou as esperanças de mais estímulo económico.

O PMI da indústria transformadora caiu de 50,4 em Abril para 49,5 em Maio, indicando que a actividade económica está agora a contrair-se. O PMI de serviços também caiu de 51,2 para 51,1.

Outro ponto de atenção é a repercussão da condenação de Trump, que, francamente, pode não alterar significativamente o cenário das eleições americanas.

Na próxima semana, não estarei aqui escrevendo para você. Porém, leitores fiéis ainda contarão com meus companheiros da Empiricus diariamente, dando continuidade ao M5M. Retorne logo depois.

Vendo…

00:56 — O dia lá fora não foi dos piores.

Após o feriado de Corpus Christi, o mercado financeiro brasileiro volta às atividades com expectativa de ajuste positivo nos ativos locais.

Esse otimismo é impulsionado pelo bom desempenho ontem dos ADRs brasileiros nos mercados internacionais, apoiado na esperança de que o Federal Reserve possa antecipar um corte nas taxas de juros.

Esse movimento otimista ocorre apesar da queda significativa nas bolsas de Nova York, impactadas pela desvalorização de 20% nas ações da Salesforce.

Ao mesmo tempo, os fracos indicadores económicos da China merecem atenção.

Embora sugiram a possibilidade de mais estímulos por parte do governo chinês, também contribuem para a queda dos preços internacionais do petróleo e do minério de ferro, reflectindo uma fragilidade momentânea do mercado.

Localmente, com uma agenda econômica menos intensa, os investidores brasileiros estão cautelosos, principalmente aguardando a divulgação do índice de despesas de consumo pessoal (PCE) de abril nos Estados Unidos.

Um resultado melhor do que o esperado poderá complicar o cenário económico, especialmente à medida que a possibilidade de novos cortes nas taxas de juro no Brasil se torna cada vez mais incerta.

Essa incerteza é agravada pelos dados recentes do mercado de trabalho brasileiro, que mostraram robustez inesperada, com a criação de 240 mil novos empregos formais em abril, uma taxa de desemprego de 7,5% — abaixo das previsões do mercado — e um salário recorde em massa de R$ 313,1 bilhões. , sugerindo que o espaço para cortes adicionais nas taxas de juro é limitado.

01:42 — Fragilidade entre empresas de tecnologia

Nos EUA, os índices de ações caíram ontem, pressionados pela queda das ações de tecnologia, que vinham apresentando bom desempenho nos últimos dias, principalmente após os resultados trimestrais positivos da Nvidia.

As ações de tecnologia de software e hardware fecharam em queda significativa, com o setor de tecnologia S&P 500 perdendo 2,3%.

Um destaque negativo foi o Salesforce, que caiu quase 20% após resultado trimestral mal recebido divulgado na noite de quarta-feira.

Embora os lucros tenham superado as expectativas, as receitas e as projeções para o trimestre atual ficaram aquém do consenso, traçando um quadro geral de desaceleração nos negócios da Salesforce.

Esta notícia afetou negativamente os estoques de software em geral.

ServiceNow caiu 12%, Adobe caiu 6,6%, Intuit perdeu 5,9% e Microsoft caiu 3,4%.

No setor de hardware, as ações da Nvidia e de outros fabricantes de chips caíram com as manchetes sobre a desaceleração nas licenças de exportação de chips relacionados à inteligência artificial nos EUA.

A Micron Technology caiu 4%, a Nvidia perdeu 3,8% e a Broadcom caiu 1,9%.

O S&P 500 terminou o dia em queda de 0,6%, o Dow Jones Industrial Average caiu 0,9% e o Nasdaq Composite caiu 1,1%.

Apesar da queda nos rendimentos do Tesouro, as ações americanas não conseguiram permanecer estáveis.

Este cenário representa um grande risco para os próximos trimestres, em que pequenas frustrações nos resultados poderão ter um impacto significativo nos preços das ações.

02:35 — E o PCE?

A leitura de Abril da medida de inflação preferida da Reserva Federal, agendada para esta manhã, deverá confirmar uma estagnação na taxa de crescimento dos preços em Abril.

Esta tendência manteve a Fed em espera com as taxas de juro, à medida que os decisores políticos procuram maior certeza de que a inflação está a cair de forma sustentável.

As previsões consensuais apontam para aumentos anuais de 2,7% para o índice principal e de 2,8% para o núcleo. O Fed tem uma meta de inflação anual de 2%.

Um número abaixo ou em linha com as expectativas ajudaria o mercado a respirar, mantendo viva a chance de um corte nas taxas de juros em setembro.

No entanto, um número superior ao esperado seria prejudicial para os mercados em geral.

03:27 — Culpado Trump muda alguma coisa?

Donald Trump foi considerado culpado no primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos EUA na história do país.

Condenado ontem por todas as 34 acusações de falsificação de registros comerciais por um júri de Manhattan, Trump ainda pode concorrer à presidência, mas pode não ter permissão para votar.

Os promotores alegaram – e o júri concordou – que Trump participou de uma conspiração criminosa para influenciar as eleições presidenciais de 2016, subornando a estrela de cinema adulto Stormy Daniels para permanecer em silêncio sobre um suposto encontro sexual.

Um homem conservador, pela família e pelos bons costumes.

O veredicto poderá remodelar o cenário político antes de Novembro, com a sentença marcada para 11 de Julho, poucos dias antes da convenção do Partido Republicano.

Espera-se que Trump apele da decisão, argumentando que não teve um julgamento justo porque foi realizado na cidade de Nova York.

O processo de recurso pode durar muito além do dia das eleições.

Para os investidores, a questão agora é como o veredicto impactará os mercados que já começam a se preparar para as eleições de 2024, quando Trump deverá enfrentar o presidente Joe Biden.

Atualmente, Trump é o favorito na disputa. Uma condenação desse tipo poderia complicar seu caminho durante um possível segundo mandato.

04:19 — A situação europeia

Antes da próxima reunião do BCE, marcada para 6 de junho, tivemos uma leitura preliminar da inflação de maio.

O valor aumentou mais do que o esperado, passando de 2,4% para 2,6% em termos anuais, enquanto o núcleo do índice subiu para 2,9%.

Embora esta surpresa não deva dissuadir o BCE de cortar as taxas, poderá contribuir para uma potencial pausa em Julho, resultando em apenas um corte.

De qualquer forma, um corte, mesmo que isolado, poderia ajudar a aliviar a pressão sobre as curvas de juros dos países emergentes, como o Brasil.

Hoje, é quase certo que o Banco Central Europeu reduzirá as taxas de juro antes da Reserva Federal, contrariando a tendência do banco central dos EUA de liderar em termos de política monetária.

Os responsáveis ​​do BCE praticamente confirmaram que o primeiro corte ocorrerá na reunião da próxima semana, à medida que a inflação se aproxima da meta de 2%.

Isto contrasta com a falta de confiança dos responsáveis ​​da Fed em facilitar a flexibilização tão cedo.

Portanto, espera-se um corte de pelo menos 25 pontos base, permanecendo dúvidas sobre os próximos passos.