A temporada de balanços brasileira só deve esquentar a partir da próxima semana durante a maior parte do ações da bolsa — confira o calendário de resultados aqui. Mas, no caso dos títulos construtoras e incorporadoras de B3, a temperatura já está elevada em meio à divulgação de visualizações operacionais.
Na semana passada, alguns dos principais nomes da construção, como Cyrela (CYRE3), Cury (CURY3), Direcional (DIRR3), Even (EVEN3), MRV (MRVE3), Moura Dubeux (MDNE3) e Tenda (TEND3) publicou dados de lançamentos, vendas e geração de caixa do segundo trimestre.
Os números movimentaram os preços das ações e também dos analistas do setor. Especialistas em bancos de investimento divulgaram uma série de relatórios avaliando os resultados operacionais e recomendações para as ações das empresas.
Direcional (DIRR3) agrada e promete bons resultados em 2024
Direcional, Cyrela, Even e Tenda, por exemplo, divulgaram os resultados no mesmo dia: todas escolheram a última quinta-feira (11) para divulgar os números. Portanto, o Itaú BBA também optou por analisar as quatro prévias “de uma só vez”.
Na opinião do banco, expressa em relatório divulgado nesta sexta-feira (12) pela equipe imobiliária, a Direcional apresentou um dos melhores resultados do quarteto.
A empresa registrou o maior faturamento líquido trimestral de sua história: R$ 1,6 bilhão, aumento de 68% em relação ao segundo trimestre de 2023. A soma também é 24% superior ao recorde anterior, registrado entre janeiro e março deste ano .
Segundo analistas, o desempenho reitera a visão positiva para a empresa e reforça a confiança do banco no desempenho para o restante do ano.
Direcional também é um dos favoritos de longa data BTG Pactualque acredita que a construtora está “no caminho certo” para entregar resultados sólidos no futuro.
“Combinado com uma avaliação atraente e dividendos generosos, [as perspectivas] faça-nos manter o nosso recomendação de compra”, cita o banco. Ó preço alvo é R$ 27 por papel DIRR3.
Recomendação para ações da Tenda (TEND3) não é unânime
A Tenda também reportou, na visão do Itaú BBA, bons resultados, mas o banco optou por manter o recomendação neutra para ações TEND3.
O BTG Pactual destacou que a velocidade de vendas da empresa foi destaque. O indicador, que é uma métrica importante para o setor imobiliário por indicar o ritmo de absorção de empreendimentos, atingiu 35,8% no trimestre consolidado.
O banco de investimento lembra ainda que a empresa já atingiu 56% da faixa superior do guidance para 2024 no primeiro semestre e recomenda compra por ações.
“Continuamos confiantes de que a Tenda recuperará a rentabilidade e, como a avaliação é muito atrativa, continua sendo a nossa principal escolha entre as construtoras de baixa renda”, afirmam os analistas do BTG. Ó preço alvo é R$ 18 para papel.
Cyrela (CYRE3): enchentes no RS afetam lançamentos e ações reagem em queda
Ainda considerando o quarteto, a Cyrela, que reportou queda nas vendas e lançamentos no segundo trimestre, foi quem viu suas ações reagirem mais negativamente ao resultado. As ações CYRE3 tiveram a segunda maior queda do Ibovespa no último pregão da semana passada.
A empresa registrou um Valor Geral de Vendas (VGV) lançado de R$ 1,4 bilhão, uma queda de 58% em relação ao VGV do mesmo período do ano passado.
De acordo com Goldman Sachs, o indicador foi afetado pelas enchentes no Rio Grande do Sul entre abril e maio. As enchentes, consideradas a maior catástrofe climática da história do estado, levaram a empresa a adiar os lançamentos por lá.
A menor oferta de novos produtos fez com que as vendas fossem 5% inferiores ao segundo trimestre de 2023, com R$ 2,3 bilhões contratados.
“Embora possa haver alguma fraqueza nas ações, continuamos positivos em relação à Cyrela, dada a capacidade da empresa de impulsionar o crescimento das vendas devido ao seu forte posicionamento no segmento de média e alta renda”, disse o Goldman Sachs, que manteve sua posição recomendação de compra da ação e preço alvo de R$ 31.
Ó Santander também indica que as ações CYRE3 são uma boa opção para a carteira, principalmente considerando que a virada na curva de juros brasileira fez com que o ativo caísse nos últimos meses.
“Vemos a fraqueza recente como uma oportunidade de compra, pois continuamos acreditando na forte execução da empresa e no diferencial de sua força de vendas”, afirmam os analistas do banco, que estabeleceram uma preço alvo de R$ 33 para os papéis.
Even (EVEN3): resultados sólidos, recomendações de ações divergem
Finalizando as avaliações do quarteto que divulgou as prévias em bloco nesta quinta-feira (11), a Even apresentou resultados sólidos, segundo o Santander. Os lançamentos atingiram R$ 1,1 bilhão no trimestre, acima dos R$ 887 milhões reportados no 2T23.
Já as vendas foram de R$ 486 milhões, abaixo dos R$ 541 milhões na mesma base de comparação, mas com crescimento de 63% nas vendas de estoques.
O banco manteve recomendação de compra para os papéis e o preço alvo de R$ 9,50 com base em três fatores:
- o melhor pipeline de projetos e gestão diferenciados com forte conhecimento do mercado paulista;
- valorização atrativa — a ação é negociada em múltiplos 25% inferiores à média do segmento de média e alta renda;
- e a atraente projeção de um rendimento de dividendos de 10% para 2025.
Já o Itaú BBA considerou os números neutros. Segundo os analistas do banco, não houve “grandes surpresas”, uma vez que o lançamento do projecto Faena, o grande projecto do trimestre, já era amplamente aguardado. Assim, o banco manteve o recomendação neutra para papel EVEN3.
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Situação de caixa da MRV (MRVE3) ainda preocupa
Entre as empresas que divulgaram resultados mais perto do início da semana, um dos destaques é a MRV. BTG Pactual, Santander e Itaú BBA analisaram os números da construtora e a conclusão foi unânime: vendas líquidas e lançamentos recordes foram fortes, mas a geração de caixa ainda é uma preocupação.
A divisão brasileira da empresa gerou R$ 9 milhões no período, abaixo dos R$ 25 milhões reportados no trimestre imediatamente anterior. Além disso, o número foi potencializado pela venda de recebíveis, prática recorrente na operação.
Por outro lado, o braço de desenvolvimento nos Estados Unidos, Resia, voltou a apresentar forte queima de R$ 370 milhões. Nenhum empreendimento foi vendido no trimestre, mas a MRV espera ter boas notícias nesse sentido nos próximos meses, o que poderá ajudar a evitar maiores perdas de caixa.
Vale lembrar que, ao anunciar as projeções para este ano, em março, a MRV afirmou que Resia tem uma regra de ouro: não queimar caixa em 2024.
“O capital da MRV Brasil não irá para Resia e a expectativa é gerar caixa ainda este ano. Essa empresa terá muito valor para capturar quando as taxas de juros dos EUA começarem a cair”, disse Rafael Menin, copresidente do grupo, na época.
Mas, mesmo com a empresa ainda longe de atingir a meta estabelecida pela controladora, os três bancos de investimento continuam recomendando compra para MRV.
O BTG estabeleceu preço alvo de R$ 17 para ações, enquanto Santander e Itaú BBA são mais conservadores, com projeções de R$ 14 e R$ 10respectivamente.
Cury (CURY3) registra mais um quarto de recordes
Cury reportou mais um trimestre de indicadores operacionais recordes. O VGV lançado ultrapassou R$ 1,7 bilhão, mesmo volume registrado em vendas líquidas no segundo trimestre.
No caso das vendas, o valor representa um aumento de 46,5% face ao mesmo período do ano passado e o valor mais elevado alguma vez registado nos 61 anos de história da empresa. A velocidade líquida de vendas (VSO) também bateu recorde e aumentou 50,5%.
O BTG Pactual destacou que os resultados foram positivos em todas as frentes. Portanto, apesar de não ver mais a avaliação da empresa como “uma pechincha”, manteve a sua recomendação de compra de CURY3, com preço alvo de R$ 21.
O Santander ainda considera múltiplos descontados e também recomenda compra, com preço-alvo de R$ 27. “Acreditamos que os fortes números apresentados pela empresa deverão, em algum momento, traduzir-se em revisões de resultados mais positivas e apoiar o sólido desempenho das suas ações.”
Vale lembrar também que Ronaldo Cury, diretor de Relações com Investidores da construtora, conversou com O teu dinheiro. O executivo falou sobre o desempenho operacional da construtora, o desempenho das ações e o que esperar de Cury daqui para frente. Confira aqui os principais destaques da entrevista.
PRÉVIA OPERACIONAL: DIRECIONAL (DIRR3) E CYRELA (CYRE3) SÃO DESTAQUES DO 2T24
Moura Dubeux (MDNE3) tem a melhor prévia operacional da história
Por fim, Moura Dubeux abriu com chave de ouro a publicação dos números operacionais na semana passada. A construtora líder de mercado no Nordeste publicou a melhor prévia operacional de sua história.
Os lançamentos saltaram 83,8% em relação ao primeiro trimestre do ano e atingiram R$ 637 milhões. As vendas líquidas cresceram 32,1% na mesma base de comparação e aproximaram-se de R$ 500 milhões.
Para o Santander, porém, a grande surpresa positiva da prévia foi outra: a reversão do consumo de caixa de quase R$ 70 milhões no primeiro trimestre do ano para uma geração de R$ 18,7 milhões entre abril e junho.
“Como consequência, estimamos que a empresa deva encerrar o trimestre com um balanço sólido”, afirma o banco. O Santander manteve a sua recomendação de compra para as funções MDNE3 e o preço alvo de R$ 18.
Ó O teu dinheiro também conversou com o CEO da empresa, Diego Villar, sobre o desempenho do segundo trimestre e o que esperar do balanço. O executivo revelou que será antecipada a previsão da primeira distribuição de dividendos da Moura Dubeux — confira os detalhes aqui.
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