Dólar: se você ainda não tem uma parte do patrimônio na moeda norte-americana, a hora de investir é agora

A taxa de câmbio do dólar em relação ao real vem quebrando recorde após recorde. Mas, se você está se perguntando se deve investir parte da sua poupança na moeda norte-americana, se deve comprar dólar agora ou esperar para ver se o preço cai um pouco, a dica dos especialistas é: compre, de uma vez ou aos poucos. pequeno. , não importa.

Seja para cobrir os custos de uma viagem neste segundo semestre, para quitar uma dívida em dólar ou para proteger parte do seu patrimônio em moeda forte, não vale a pena esperar.

O bom senso é que é pouco provável que os preços caiam. “O ponto de compra ideal é praticamente impossível de alcançar”, alerta Martin Iglesiaslíder em investimentos e alocação de ativos no Banco Itaú.

“A tendência de longo prazo é a desvalorização do real”, acrescenta Caio Fasanellaeconomista-chefe da Nômade. “Nos últimos 10, 15, 20 anos, o que vimos como tendência foi a verdadeira desvalorização”, reforça.

Esta matéria faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no segundo semestre de 2024. Confira a lista completa:

Proteção contra desvalorização

“Nossa orientação é que todo brasileiro tenha parte de seus ativos dolarizados, como forma de se proteger da contínua desvalorização do real e da volatilidade cambial”, acrescenta Fasanella.

“O dólar continuará a ter uma dinâmica positiva, devido ao posicionamento económico dos EUA. Continuam a drenar recursos do resto do mundo e isso faz com que as moedas globais enfraqueçam”, afirma João PiccioniCIO de Gestão Empírica.

“Do ponto de vista da alocação (de recursos), o momento é do dólar ou dos ativos dolarizados”, avalia Gabriel Tossatoespecialista em investimentos na Agora Investimentos. Ele recomenda que os investimentos na moeda norte-americana cheguem a até 7% da carteira, pensando em um investidor com perfil mais ousado, acrescenta.

Segundo Piccioni, vários fatores deverão manter a fuga de dinheiro direcionada para a economia norte-americana. É aqui que ocorre toda a empolgação das empresas em busca de inovação em inteligência artificial e as melhores formas de utilizá-la.

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Boas perspectivas para os mercados de ações

Além disso, o CIO da Empiricus afirma que os títulos do Tesouro dos EUA continuar pagando bons prêmios, o país é o centro dos negócios com criptomoedase são hoje os maiores produtores de petróleo do mundo.

“Vemos os mercados de ações dos EUA subindo nos próximos seis meses”, acrescenta.

Piccioni recomenda que os investidores que queiram comprar dólares o façam de forma recorrente, dividindo as compras ao longo do tempo. “Mas se você tem dinheiro, entrar imediatamente também é bom. Principalmente se você quiser comprar ativos de risco, negociados na bolsa Nyse ou em Nasdaq“, diz.

“Se a pessoa não tem posição [na moeda norte-americana] você compra com o tempo”, concorda Iglesias, do Itaú. Se o investimento for de longo prazo, o importante é ter exposição em dólar, principalmente em ativos financeiros.

Ao decidir em qual classe de ativos investir recursos, as opiniões ficam divididas. Há quem priorize títulos de renda fixa e quem acredite que é mais interessante ter recursos de renda variável. Outros entendem que diversificar entre classes é uma opção importante.

Iglesias comenta que os Treasurys, como são chamados os títulos do Tesouro dos EUA, estão pagando rendimentos de até 4% em dólares, o que é bastante atrativo. “É uma rentabilidade que não víamos há algum tempo.”

Títulos corporativos em alta

Além disso, Iglesias afirma que outra opção de alocação poderia ser títulos corporativos de empresas norte-americanas que tenham “grau de investimento”, uma avaliação de baixo risco.

“Existem títulos de empresas com rendimentos mais elevados do que os títulos do Tesouro dos EUA. Tanto os próprios Tesouros como estas obrigações são investimentos resilientes. E ambos em renda fixa.”

Piccioni, CIO da Empiricus, diz que prefere menos funções renda fixa que aqueles de renda variável.

“Os investidores em rendimento fixo nos EUA contam com a queda das taxas de juro. Eu acho que a probabilidade do Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] não cair aumentou muito e isso é um sinal de que a economia norte-americana está saudável e não o contrário”, explica.

Segundo ele, as taxas pagas hoje pelos títulos norte-americanos de dois anos são mais altas do que as dos títulos com prazo mais longo. A opção correta, na opinião do especialista, seria o contrário, quanto mais tempo demora para pagar mais. “Tenho medo dos Tesouros por causa dessa característica.”

Segundo Piccioni, a valorização S&P 500o índice com as ações mais negociadas na NYSE, o Bolsa de Valores de Nova Iorquevalorizou-se 12% ao ano nos últimos dez anos.

Opções entre setores para investimento

Se olharmos o Nasdaq, índice de ações das empresas de tecnologia, a valorização foi de 19% ao ano, também nos últimos dez anos.

“É por isso que estamos vendo um ‘mercado altista’”, diz Piccioni para justificar sua preferência pela renda variável.

Na hora de selecionar setores, ele sugere empresas de tecnologia. Este setor vive um movimento contínuo de inovação, que começou com a criação de inteligência artificialpassou pelo boom em grandes tecnologias e agora o que vemos são empresas implementando inteligência artificial (IA) em negócios B2B.

“Faltava alguém inovando no uso de IA no B2C. E a Apple fez isso recentemente” ao anunciar o uso de IA em seus celulares, afirma o executivo.

“O que veremos no segundo semestre é a evolução dessas duas frentes”, afirma, em referência ao uso da inteligência artificial tanto nos negócios entre empresas quanto para o consumidor final.

Além das empresas de tecnologia, Piccioni diz olhar com interesse para empresas do turismo é de biotecnologia.

São os mesmos segmentos apontados como prioritários para investimentos no exterior pela Victor Meloestrategista de ações globais no banco BTG Pactual.

Ele diz ter preferência pelas “sete magníficas”, em referência às sete empresas mais procuradas nas bolsas dos EUA.

Para o “magníficas sete ações” são as ações preferidas dos investidores no mercado norte-americano. É um grupo formado por Alfabeto (GOOG), Amazonas (AMZN), Maçã (AAPL), Meta (META), Microsoft (MSFT), Nvidia (NVDA) Isso é Tesla (TSLA), representantes de setores como serviços tecnológicos, tecnologia, varejo, bens duráveis ​​e até carros elétricos.

“Dos 24% a 25% que o S&P 500 subiu no ano passado, 75% se deveu à valorização das empresas mais negociadas”, calcula Melo.

Para ele, os setores prioritários para investimentos nos EUA são tecnologia da informação, saúde e finanças. Na saúde, as apostas são em laboratórios voltados para medicamentos antiobesidade, como Ozempico.

“O setor financeiro teve uma recuperação muito importante depois da crise dos bancos regionais no ano passado. Os grandes bancos têm boa rentabilidade”, avalia.

Segundo Melo, os preços das ações dos grandes bancos estão descontados em relação ao mercado.

“O S&P 500 é negociado a cerca de 22 vezes os lucros, enquanto os grandes bancos negociam a 11 vezes os lucros. Essa lacuna é o maior nível da história”, explica o especialista do BTG Pactual.

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Alternativa para quem prefere o real

Para investir em ações ou renda fixa no exterior, hoje existem diversos bancos que oferecem abertura de conta em dólar e opções de investimento.

Alguns investidores brasileiros têm relutância em abrir conta no exterior para adquirir ativos. Para estes, os especialistas também têm recomendações caso o objetivo seja ter parte das reservas dolarizadas.

Segundo Iglesias, do Itaú, vale a pena investir em BDRs de empresas norte-americanas se a intenção for dolarizar os recursos.

Você BDRs ou Recibos Depositários Brasileiros são certificados de ações de outros países negociados no B3, o mercado de ações brasileiro. O mecanismo de compra dessas ações é o mesmo do investimento em ação brasileira. É necessário procurar uma corretora ou plataforma de investimentos, abrir uma conta e começar a negociar.

Outra opção nesse sentido são os fundos administrados por instituições brasileiras, mas com ativos de empresas norte-americanas em carteira.

Existem fundos apenas com empresas de tecnologia, fundos com outras ações que não de tecnologia, além de fundos multimercados com diversas teses e geografias diferentes, lembra Piccioni, da Empiricus.

Outra possibilidade, diz Tossato, da Ágora, é a ETFs. Você Fundos negociados em bolsa São fundos de investimento baseados em índices que têm suas ações negociadas em bolsa de valores.

Na B3 são dezenas de opções. “Uma opção é investir em ETFs, para quem quer uma alocação mais passiva”, avalia. O caminho para investir em ETFs é o mesmo dos BDRs ou ações brasileiras.