Não faz nem um mês desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que tributa compras internacionais de até US$ 50, popularmente conhecida como “taxa de blusa”. Desde então, o revendedores vêm tentando se reinventar para evitar problemas em suas receitas — mas o Comprador parece já estar “imune” a este cenário.
Embora os varejistas internacionais como Ali Express — que começou a vender na plataforma Magazine Luiza (MGLU3) — precisam buscar alternativas, o Shopee já tem produção majoritariamente nacional, e portanto está isento desse imposto.
“A Shopee atua no Brasil desde 2019 e a administração afirma que 90% de seus vendedores são locais e 80% dos produtos vendidos na plataforma são fabricados no Brasil, o que lhe confere uma vantagem competitiva em relação ao imposto de importação de 20%”, escrevem analistas de BTG Pactualem relatório divulgado nesta quarta-feira (10).
Mais do que isso, o varejista deverá registrar crescimento no volume bruto de mercadorias (GMVna sigla em inglês) de US$ 20 bilhões em 2023, assim que forem divulgados os dados desse ano.
Logística do Shopee deve melhorar nos próximos anos
Segundo reportagem do Valor Econômico, a varejista busca reduzir o tempo de entrega no Brasil.
Para isso, foi criado um centro de distribuição no Rio Grande do Sul, aumentando em 60% a capacidade no Sul do país, além de ampliar a área de atendimento na região.
Além disso, no mês passado, a Shopee também lançou novas rotas de embarque no estado de São Paulo – que responde pela maior fatia do GMV – com o objetivo de reduzir o tempo de envio para um dia.
Com essa maior agilidade no envio, o varejista poderá ampliar sua oferta de produtos, como alimentos não perecíveis. Também está aberta a possibilidade de ingressar no setor do mercado de aplicativos, que vem crescendo nos últimos anos no país.
Enquanto isso, o segmento de eletrônicos continua ganhando participação no varejo, e vestuário continua sendo a principal categoria da Shopee no Brasil.
Em números
Uma pesquisa recente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCom) mostra que um em cada três vendedores locais usou o aplicativo Shopee como sua primeira plataforma de vendas online.
Da mesma forma, 40% mencionaram que as operações cresceram após passarem a utilizar o marketplace do varejista.
Estima-se que esse crescimento tenha gerado 1,3 milhão de empregos no Brasil, sendo que 25% deles trabalham exclusivamente online.
Riscos de negócios do Shopee
Apesar da perspectiva positiva, os analistas do BTG veem que o Shopee tende a seguir os mesmos dilemas recorrentes no varejo brasileiro.
A primeira delas é o crescimento mais lento no volume de vendas, reflectindo menores rendimentos possíveis e restrições de capital do cliente. A segunda é o foco em rentabilidade e preservação de caixa, focando em produtos com tickets médios mais elevados.
Por fim, espera-se uma maior consolidação dos demais players do setor, processo que ainda deverá acontecer com maior vigor — e acelerar no caso de um cenário macro mais desfavorável.
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