O mercado financeiro parece assustado. Ó Ibovespa A penúltima semana do primeiro semestre começa nos mínimos do ano, 10% abaixo do nível em que começou 2024. Na direção simetricamente oposta, o dólar é valorizado em relação ao real.
Com tarifas altas há mais tempo nos Estados Unidos e ruídos políticos persistentes vindos de Brasília, a realidade dos mercados vai contra as projeções de bolsa em alta e dólar em queda para este ano.
Em meio a essa cacofonia, o economista-chefe da Neo Investimentos, Luciano Sobrala tranquilidade aparece.
Talvez porque considere que a reação dos participantes do mercado aos fatores que dificultam a trajetória dos ativos brasileiros esteja contaminada por certo exagero.
“Na virada do ano, o mercado estava exageradamente otimista em relação à trajetória dos juros nos Estados Unidos”, disse o economista em entrevista exclusiva ao O teu dinheiro.
“Agora não tenho dúvidas de que o mercado está a exagerar o seu pessimismo, incluindo até um possível aumento das taxas de juro [pelo Copom] daqui até o final do ano”, disse o executivo da Neo, que tem quase R$ 7 bilhões sob gestão.
O que mudou
Em retrospectiva, o Ibovespa chegou ao final de 2023 renovando recordes. Nos EUA, os analistas esperavam uma queda acentuada nas taxas de juro. Isto ajudaria o Copom para baixar a taxa Selicimpulsionando o mercado acionário brasileiro e valorizando o real.
Analistas falavam em Ibovespa a 145 mil pontos e dólar na casa dos R$ 4,80 no final de 2024. Na última sexta-feira, porém, a bolsa fechou abaixo de 120 mil pontos e o dólar flertava com R$ 5,40.
Isto se deve em grande parte ao adiamento dos cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve.
Se no início do ano os mais optimistas afirmavam esperar até sete cortes de juros nos EUA durante 2024, as projecções dos dirigentes da autoridade monetária norte-americana após a última reunião de política monetária apontavam para um corte modesto de 0,25 por cento. pontos – provavelmente no final do ano.
O adiamento se deve à persistência da inflação nos EUA em meio a um cenário de economia mais aquecida do que gostariam os diretores do Fed.
“O mercado estava muito ansioso para precificar cortes nos juros”, diz Sobral.
Nossa parte de culpa no cartório
Para o economista, porém, o Fed explica parte dessa história, mas não toda.
“Pegando no caso das moedas de outros mercados emergentes, a maioria dos países não teve um desempenho tão ruim quanto o do Brasil”, disse ele.
Isso leva a fatores locais específicos. O primeiro deles, segundo Sobral, é um ambiente político ou de política econômica que não é o ideal. A outra é a transição do Banco Central.
“Desses fatores, confesso ter muita dificuldade em apontar especificamente outro”, diz Sobral.
Isso porque, segundo ele, nada disso é novidade se comparado ao que já se sabia antes.
“Talvez o mercado estivesse subestimando o efeito dessas coisas. No início do ano já se sabia que a implementação da política fiscal seria complicada, que a única estratégia de ajustamento fiscal do governo era arrecadar mais receitas”, afirmou.
Para Sobral, a estratégia bateu num muro. “Se já não estava claro, essa MP do PIS Cofins mostrou que não era possível fazer todo o reajuste apenas aumentando a arrecadação tributária.”
Em relação ao Banco Central, o mandato de Roberto Campos Neto termina no final do ano.
Embora o sucessor ainda não tenha sido definido, acredita-se que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeie Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central.
“Talvez tudo o que aconteceu antes e depois do Copom de maio tenha jogado isso na cara do mercado antes do esperado.”
Luciano Sobral se refere à votação acirrada em que o Copom desacelerou o corte dos juros e retirou a sinalização sobre os próximos passos.
“O mercado ficou com a impressão de que a transição não será tão tranquila e que o BC vai agir de forma diferente no ano que vem do que faz agora.”
A próxima reunião do Copom acontece esta semana. Analistas acreditam que o Copom manterá a taxa de juros em 10,50% ao ano.
No entanto, Sobral observou que as taxas projetadas para os títulos de dívida do Brasil incluíram nos últimos dias a possibilidade de uma Selic mais alta até o final do ano.
“O mercado está esperando por algo mais disruptivo”, disse ele.
Nesse aspecto, Sobral vê outro grande exagero.
“Não creio que, com a Selic em 10,50% ao ano, o Brasil precise de mais juros para manter a inflação relativamente sob controle”, disse.
O economista não acredita que as mudanças na política econômica, tanto do lado fiscal quanto do BC, serão abruptas.
De qualquer forma, a única certeza parece ser a garantia da incerteza. “Talvez isso aconteça em alguns meses. Talvez no final eu esteja errado e devesse estar mais preocupado do que estou agora”, disse o economista-chefe de uma das mais tradicionais gestoras independentes do mercado brasileiro.
Brasil entre risco e retorno
Em meio a tanto ruído vindo de tantas fontes diferentes, não custa lembrar que o Brasil é um mercado de alto risco. “Às vezes pensamos que não, mas o Brasil continua a ser um mercado de alto risco”, disse Sobral. E o retorno é tão alto quanto o risco assumido.
“Se você tem dinheiro para economizar, você está em situação favorável para guardar o dinheiro por mais tempo e ver o tempo passar”, disse o economista. É verdade que uma boa dose de sangue frio ajuda.
Embora o cenário atual seja mais favorável à renda fixa, ele afirmou que a bolsa brasileira está barata.
“O cenário que está norteando nossas decisões vai no sentido de pensarmos que esse movimento de maio e dessa parte de junho até agora é exagerado e tende a se reverter nos próximos meses, pelo menos parcialmente”, disse Luciano Sobral.
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