Ação da BRF (BRFS3) desaba quase 7% na B3, e frigoríficos lideram as perdas do Ibovespa hoje. O que está por trás da queda?

O setor de geladeiras amanheceu no vermelho nesta quinta-feira (18), com o ações das empresas de proteínas liderando as perdas do setor Ibovespa nas primeiras horas de negociação.

Por volta das 12h, o BRF (BRFS3) ficou no lado negativo com queda de 6,99%, sendo negociado a R$ 21,01 na bolsa brasileira.

Por sua vez, o Marfrig (MRFG3) caiu 5,67% na mesma época, para R$ 11,64, enquanto o JBS (JBSS3) caía 2,98%, cotado a R$ 31,28 na B3.

O movimento negativo acompanha a confirmação do Ministério da Agricultura da detecção de foco do Newcastle (DNC) em um estabelecimento comercial de avicultura em Anta Gorda, Rio Grande do Sul.

Segundo o ministério, Newcastle é uma doença viral que atinge aves domésticas e silvestres e provoca sinais respiratórios seguidos de manifestações nervosas.

O Brasil não registra ocorrência da doença de Newcastle em rebanhos avícolas desde 2006, segundo levantamento feito com base em relatórios da Organização Mundial de Saúde Animal (OMS).

Por que a doença de Newcastle afeta os estoques de frigoríficos hoje

Segundo o ministério, o estabelecimento avícola foi “imediatamente fechado, inclusive com suspensão da movimentação de aves, desde a primeira visita da secretaria”.

O Mapa afirmou ainda que irá aplicar os procedimentos para erradicar o surto, com o abate sanitário e eliminação de todas as aves e desinfecção do local.

“Serão também realizadas investigações adicionais num raio de 10 km em torno da área onde ocorre o surto, além de outras medidas que sejam necessárias de acordo com a avaliação epidemiológica”, acrescentou o ministério.

Vale ressaltar que o Estado do Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de carne de frango do Brasil.

De janeiro a junho foram embarcadas 354.207 toneladas pelo Estado, com receita de US$ 630,1 milhões, segundo dados Agrostatosistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro.

Os potenciais impactos na BRF, JBS e Marfrig

Segundo o Ministério da Agricultura, o consumo de produtos avícolas fiscalizados pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO) “continua seguro e sem contraindicações”.

Porém, após a confirmação de um surto da doença de Newcastle, as exportações de frango do Brasil deverão sofrer embargos temporários e parciais, segundo fontes informaram o Estadão.

Os países que adotam suspensões temporárias no caso da gripe aviária tendem a embargar também as exportações de frango de áreas onde há confirmação de DNC, como o Rio Grande do Sul, até maiores esclarecimentos sobre o foco da doença.

“Considerando a alta patogenicidade da doença, é possível que alguns importadores implementem protocolos semelhantes aos observados nos mais recentes surtos de gripe aviária”, afirmam analistas do Itaú BBA.

Na avaliação de analistas, caso alguns importadores decidam restringir as exportações brasileiras de frango como medida preventiva, as operações da BRF (BRFS3) e da Seara provavelmente serão afetadas por um cenário de excesso de oferta nos mercados internos caso as exportações sejam parcialmente interrompidas.

Em 2018, quando as exportações da BRF para a Europa foram suspensas, as margens internacionais e domésticas foram impactadas.

“Vemos isso como um potencial obstáculo para BRF e JBS, visto que ambas as empresas têm exposição à indústria brasileira de frango”, destacou o banco.

Em 2023, cerca de 25% da receita bruta da BRF estava vinculada às exportações brasileiras de frango, enquanto a JBS tem exposição de aproximadamente 6% à receita bruta.

Porém, a JBS (JBSS3) é diversificada principalmente em PPC —sua subsidiária de frango com exposição aos EUA, Europa e México —, o que poderia ajudar a empresa a absorver parte da queda brasileira.

Já a Marfrig (MRFG3), além da exposição indireta da BRF ao mercado avícola, a empresa poderá ser impactada por possíveis pressões sobre os preços da carne bovina brasileira em caso de excesso de oferta de proteína nacional.

*Com informações do Estadão Conteúdo.