O mercado foi abalado por uma tempestade no primeiro semestre de 2024: o Ibovespa frustrou as expectativas e foi o terceiro pior investimento entre janeiro e junho — com queda na ordem de 7,66%. Ainda assim, a bolsa brasileira reserva ativos que podem garantir bons lucros aos investidores até o final do ano.
O ano começou com apostas em dias ensolarados — principalmente no contexto global, com a previsão de que o Reserva Federal (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) iniciaria a flexibilização monetária em março.
Aqui, o ‘problema’ fiscal até parecia resolvido com a aprovação da reforma tributária e do quadro fiscal. Vale lembrar que o Ibovespa avançou mais de 22% em 2023, aumentando as expectativas de que a tendência de alta continue neste ano.
No entanto, ventos contrários sopraram sobre o mercado de ações brasileiro – o Fed não cortou as taxas de juros como esperado e a questão fiscal continua a ser um problema para o governo.
Mas a queda nos primeiros seis meses não significa que seja hora de se desesperar e sair da bolsa brasileira, na visão de analistas ouvidos pelo O teu dinheiro.
Isso porque, com as perdas recentes, o mercado acionário brasileiro ficou ainda mais ‘barato’. Se em janeiro o Ibovespa era negociado em torno de 9 vezes o P/E (P/L), hoje está em aproximadamente 7x P/E, segundo especialistas — bem abaixo, portanto, da média histórica de 11x.
Vale lembrar que essa visão se baseia na comparação entre preço e lucro das ações que compõem o Ibovespa. Esse indicador busca mostrar em quantos anos o investidor recupera o valor investido com base nos lucros das empresas. Em outras palavras, quanto menor o P/L, mais baratas são as ações.
A questão, porém, é a mesma: quais são as oportunidades e onde investir na bolsa brasileira até o final do ano? Confira abaixo.
Esta matéria faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no segundo semestre de 2024. Confira a lista completa:
Os fundamentos do Ibovespa mudaram?
A resposta unânime dos especialistas entrevistados é que não, os fundamentos da bolsa brasileira não mudaram.
“As empresas brasileiras continuam lucrativas e acima da média, em termos de lucro, na comparação com o principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa”, afirma o analista de ações e bolsa do Inter, Matheus Amaral.
E, mesmo com algumas revisões para baixo nas recomendações de ações, o analista do Inter mantém a expectativa de crescimento de dois dígitos para as empresas do Ibovespa a partir de agora e no próximo ano.
O Santander partilha a mesma visão. “Se você olhar a dinâmica de lucros das empresas listadas e o consenso do mercado de lucros deste ano e do próximo, não piorou em relação ao início de 2024”, afirma Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora.
Portanto, a expectativa de lucro das empresas listadas no Ibovespa para este ano ainda é aproximadamente 10% maior em relação a 2023 — e aproximadamente 15% maior para 2025.
“A verdade é que o preço dos ativos em bolsa se deteriorou, mas a expectativa de lucro não se deteriorou, então, de fato, as ações estão mais baratas”, diz Peretti.
“Há uma desconexão entre a economia real e o preço dos ativos na bolsa. Claro que as expectativas à frente são piores, mas se você olhar os dados da atividade econômica, da inflação atual e do mercado de trabalho, não são ruins, pelo contrário, são dados minimamente sólidos”, afirma o estrategista da Santander Corretora.
Onde investir: as dez ações mais recomendadas
Se as apostas no início do ano eram em ações que acompanhassem o ciclo de flexibilização monetária, os chamados ativos cíclicos, a visão para a renda variável mudou desde então, afastando-se das empresas do setor varejista.
Agora, as chances de lucro estão em empresas mais defensivas, ou seja, empresas que geram caixa e pagam bons dividendos —e são menos sensíveis a juros elevados.
“Como o corte dos juros foi pausado e não sabemos exatamente quando será retomado, começamos a focar um pouco mais em empresas de maior qualidade ou de baixa volatilidade para o segundo semestre”, diz Peretti, do Santander .
A explicação para isso também tem a ver com números. Ó índice de dividendos (IDIV) teve a menor queda (-3,41%) frente ao Ibovespa (-7,66%) e ao índice small cap (-14,85%) — o que, na visão do mercado, reflete o desempenho do mercado acionário brasileiro de forma mais maneira credível.
É por isso, a preferência entre as ações defensivas não poderia deixar de ser a ‘queridinha’ do setor elétrico: o Equatorial (EQTL3) – que também apareceu nas recomendações da série Onde Investir no primeiro semestre. Nos últimos dias, a empresa foi a única a apresentar proposta para se tornar acionista de referência da Sabesp (SBSP3) após a privatização.
Os ventos do programa “Minha Casa Minha Vida” continuam favoráveis e devem continuar impulsionando as ações da empresa Direcional. Quem seguiu essa recomendação em janeiro já acumula valorização de 21,5% com DIRR3 na carteira.
No setor de transportes, Localize (RENT3)líder absoluta em aluguel de carros no mercado brasileiro, continua sendo o principal destaque.
Para Daniel Gewehr, estrategista-chefe de ações do Itaú BBA, o setor financeiro é um dos ‘grandes vencedores’ do mercado de ações com a queda do desemprego e, no cenário atual, com inadimplência controlada.
Dada a grande participação dos bancos no Ibovespa — além do foco em dividendos — o Banco do Brasil (BBAS3) continua a ser o setor preferido entre os analistas, com um rendimento de dividendos em torno de 10%. BTG Pactual (BPAC11), por sua vez, continua com lugar garantido na carteira.
Quem não quer parar de investir no setor varejista, Raia Drogasil (RADL3) Isso é Arezzo (ARZZ3) — de olho na fusão com o Grupo Soma (SOMA3) — são as ações mais recomendadas pelos analistas.
O Itaú BBA também vê potencial em Randon (RAPT4), Santos Brasil (STBP3) Isso é GPS (GGPS3).
Além dessas dez ações, Totvs (TOTS3), Nubank (ROXO34), Telefônica Vivo (VIVT3) e PetroRio (PRIO3) são outras ações citadas como boas opções na bolsa no segundo semestre de 2024.
Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) de escanteio?
O sinal de atenção às ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4) deve permanecer por algum tempo, seja pela continuidade da crise imobiliária na China ou pelas incertezas sobre a trajetória das taxas de juros nos Estados Unidos.
Mas não é possível ignorar as duas ações de maior peso no Ibovespa, ao lado dos bancos. Assim como outras empresas, as duas empresas estão ‘descontadas’ nas avaliações dos analistas.
A Petrobras, por exemplo, tem acompanhado a forte alta dos preços do petróleo no mercado internacional — devido à alta volatilidade causada pelos conflitos no Oriente Médio — e acumula alta de mais de 12% nos primeiros seis meses do ano, apesar da recente mudança de presidente da empresa. O potencial para ganhos mais robustos, segundo analistas, ainda existe até o final do ano.
Quem vendeu a Petrobras após a mudança de CEO foi o [investidor] estrangeiro com medo de intervenções em empresas estatais. O brasileiro aproveitou a queda e comprou”, diz Gewehr, do Itaú BBA.
No caso da Vale, o maior atrativo são os dividendos. A empresa também sofreu com rumores de intervenção governamental com a possível nomeação de Guido Mantega para o topo, em meio ao processo de troca do CEO da mineradora. Este é o maior foco de atenção — e o maior risco para as ações.
O mandato de Eduardo Bartolomeu termina em dezembro deste ano. Em setembro, a empresa deve divulgar a lista tríplice, com três nomes indicados para comandar a mineradora a partir de 2025.
“Se os nomes forem mais técnicos, isso poderá dar algum conforto aos investidores”, diz Peretti, do Santander.
Ainda está no radar um possível acordo entre a Vale e o Ministério Público sobre indenização no caso de Mariana.
Além da Vale e da Petrobras, outros exportadores ganharam ‘atratividade’ para investidores. Uma delas é a Suzano (SUZB3) — que continua ‘barata’ e pode ser uma opção em um momento de forte valorização do dólar frente ao real, segundo especialistas.
O Santander também vê potencial na SLC Agrícola (SLCE3).
O Ibovespa vai subir?
Hoje, o mercado acionário brasileiro já precifica a deterioração do cenário fiscal e as altas taxas de juros nos Estados Unidos por mais tempo —com perspectiva de apenas um ou dois cortes por parte do Federal Reserve (Fed) até dezembro.
“Afinal, somos um derivativo do Fed, que está com viés um pouco negativo no momento”, diz Gewehr, do Itaú BBA. Para ele, qualquer sinal do BC norte-americano poderá impulsionar o Ibovespa.
Com isso no papel — ou melhor, nos preços na tela — as estimativas dos analistas são de que o Ibovespa encerre o ano de 2024 entre 140 mil e 145 mil pontos. Ou seja, nos próximos seis meses, o principal índice da bolsa brasileira deverá subir pelo menos 20 mil pontos, segundo essas projeções.
Embora a bolsa brasileira não conte com empresas de tecnologia, como a Nvidia, há pelo menos três motivos que podem ajudar na recuperação dos ativos e impulsionar o Ibovespa até dezembro.
“Há uma simetria no mercado que é muito favorável para quem tem uma visão mais de médio e longo prazo”, diz Peretti.
Além do crescimento dos lucros das empresas cotadas, as questões internas — que actualmente são motivo de preocupação — poderão trazer algum alívio aos investidores, especialmente aos estrangeiros.
Um deles é a política monetária. O consenso do mercado é que a Selic encerrará o ano em 10,50% ao ano. A grande questão é: quem presidirá o Banco Central a partir de 2025?
Com a saída de Roberto Campos Neto da chefia do BC, o governo deverá indicar um nome entre os dirigentes para o cargo.
“Na última reunião do Copom falou-se muito que [o diretor de Política Monetária] Gabriel Galípolo poderia estar mais fragilizado, mas isso ainda não foi divulgado”, diz Peretti, do Santander.
O presidente Luiz Lula Inácio da Silva já mencionou, em entrevistas, que ainda não escolheu um nome.
Outro ‘catalisador’ seria uma sinalização mais concreta do governo federal para realizar cortes de gastos, em vez de aumentar receitas, em trabalho conjunto com o Congresso Nacional.
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