Mesmo com duras críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não recuou. Na decisão da última quarta-feira (19), a autoridade monetária interrompeu os cortes no Selic e manteve a taxa básica de juros brasileira em 10,5% ao ano.
Entidades ligadas ao setorvarejo e aliados do presidente Lula criticou a decisão, alegando que não há justificativa para manter taxas tão altas.
Mas o mercado financeiro não só gostou da decisão — unânime, com os nove membros do Comitê votando pela manutenção do tarifas – bem como a declaração mais recente meio esquisito (agressivo, no jargão do mercado) após a decisão.
O documento diz que o cenário global é incerto, com as principais dúvidas recaindo sobre a flexibilização monetária no NÓS. Além disso, destaca-se que a situação interna é marcada por “expectativas não ancoradas” que exigem mais cautela.
Veja como estavam a bolsa e o dólar por volta das 11h30:
- Ibovespa: 121.476 (+1,10%)
- Ponto do dólar: R$ 5,4171 (-0,07%)
O que o mercado achou da decisão?
“Manter a taxa Selic em 10,5% é suficiente para levar o IPCA à meta até o final de 2025. No nosso cenário, projetamos que a taxa Selic permanecerá em 10,5% até o final de 2024 e terminará 2025 em 10%” , comenta Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
Além disso, alguns integrantes do mercado entendem que a afirmação do BC poderia ter sido ainda mais dura, em meio a críticas à autoridade.
Porém, para o estrategista-chefe da BGC Liquidez, Daniel Cunha, isso pode fazer com que a autoridade monetária se antecipe a riscos — “desnecessários por enquanto”, na sua visão.
Cunha menciona que uma declaração ainda mais dura do que a que foi feita poderia gerar falta de consenso entre os membros do Banco Centralaumentando o ruído na sucessão da instituição.
Vale lembrar que Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, permanecerá no cargo até o fim do ano. O mais provável a assumir o cargo é Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária, mais alinhado ao pensamento do presidente Lula sobre juros.
Assim, Cunha explica que “ter que” aumentar as taxas de juros para, de fato, manter a credibilidade da condução da política monetária atual poderia gerar um ciclo de deterioração nas expectativas, o que levaria a mais uma falta de consenso e, por fim, a novos questionamentos à instituição.
Além do Ibovespa: o dólar hoje
O dólar à vista começou o dia próximo da estabilidade, mas começou a cair no final da manhã desta quinta-feira (20).
Vale lembrar que a moeda norte-americana vinha subindo nos últimos dias, com o cenário fiscal em foco e uma fuga para menores riscos e maiores investimentos em segurança.
Também contribuiu para a valorização do dólar nas vésperas do feriado dos Estados Unidos, o que reduziu a liquidez global. Este cenário tende a aumentar a volatilidade global.
Mercado | Índice | Valor | Variação (%) |
Nova Iorque | S&P 500 | 5.495 | +0,15% |
Índice Dow Jones | 38.982 | +0,38% | |
Nasdaq | 17.859 | +0,01% | |
Europa | DAX (Frankfurt) | 18.209 | +0,79% |
FTSE 100 (Londres) | 8.262 | +0,70% | |
CAC 40 (Paris) | 7.662 | +1,22% | |
Stoxx 600 | 517,55 | +0,61% |
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